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Anima Sacerdotal

Pela cidade caminhante Ruínas, lágrimas nos olhos O coração passa orante Quanta dor, sofridos corpos Desespero por segurança Mortos, homens apavorados Na direção contrária, uma esperança De casula, atendendo condenados Chamas, cruzes, mas coragem! És o último sinal dessa era Óh, sacerdote, Sua imagem Ainda há fé sobre a terra! Pulsante por cada dívida Esta aqui para pagar Em troca da própria vida Insistindo em perdoar Óh, herói! óh, professor! Óh, cristo! óh, amor fraternal! Assume com fervor O coração sacerdotal És confessor sublime És mártir de ardor Lembra de Vianney O patrono do Amor

Agni Parthene

Noite densa Temor forte Alma sedenta Doce morte Luz apagada Vazio último Bruma pesada Dom litúrgico Cidade fluída Rebento choroso Lágrima ruída Ombro doloroso Literato nos fossos De nada entendia Como fogo nos ossos Dúbia revelia Expectativa medrosa Fogueira solitária Desesperança formosa Praia celibatária Um espanto de alegria e medo O medo de não conseguir crer No interior do Divino Enredo Alegria por re-escolher Com um esforço duvidável A alma gritante em mazela Da perdição incomparável Ao resgate amoroso dela Pasme: o lume cantara! Os sentidos duvidara Belíssima Formosura Coroadíssima Brasa Zaragoza, Prouille Siena, Lourdes e Fátima Novos cristos sublimes Eu, num mangue, uma lástima - Dobro-me, Venerável! Senhora do Mundo Imaculada Flor Boa Mãe do Caminho Doce Porto do Amor

Sanctum Sacramentum

Miserável, me arrastava Dores em toda a alma Ansioso por um Algo desconhecido Um coração de laboratório, corroído Na solidão vazia caminhava pelas vielas crendo me achar num perder-se, sem lugar Num mundo psicológico Iludi-me Desesperança, é óbvio! Cuspi-me Da minha boca: Algo! No coração espaço Meu espírito orou Minha alma suplicou Um convite de maria, adorável Um salão azul e uma menina inexplicável  Um padrinho, um retiro forçado Um encontro, um Identidade premeditado O medo, a mentira A morte, a doença A culpa, a desesperança A raiva, o ódio A miséria, a dor A solidão, o Negar Docemente, dissipados Pelo Santíssimo Sacramento do Altar

Antero de Quental e Eduardo Lourenço - Sobre Portugual

Antero de Quental em seu discurso sobre as Causas da decadência dos povos peninsulares, aponta três causas da decadência portuguesa e espanhola a partir do século XVII: religião, política e economia. A partir desse olhar para a sociedade portuguesa, esse texto dialogará com Eduardo Lourenço, em sua obra Nós e a Europa ou as duas razões, no qual discorre sobre a importância de se ter um passado original, no qual garante a espessura do presente, e assim, consequentemente, abordará a questão central e problemática que se refere a identidade nacional. Antero organiza sua exposição, basicamente, em três partes, onde, primeiramente, ele dá um respaldo histórico sobre os grandes feitos peninsulares, depois, aponta a decadência a partir do século XVII e, por fim, oferece uma solução. Durante os tempos áureos a nação produzira em seu seio: santos, teólogos, papas, reis, cavalheiros, etc. Eram, segundo o autor, símbolos vivos da alma popular. Estes, sustentavam o espírito peninsular, onde a...

Breve análise do Livro de Linhagens e do Auto da Barca do Inferno - Conde D. Pedro e Gil Vicente

Livro de Linhagens Os Livros de Linhagens constituem um documento de relações genealógicas de membros de famílias nobres, porém, os mesmos não se reduzem a essa função. O impacto das narrativas no imaginário popular – social, cultural e histórico - inserem marcas nas pessoas, mais especificamente, a narrativa mítica, por exemplo, é parte essencial na formação da identidade familiar/nacional de Portugal. A identidade é a memória coletiva, na qual determina as características de um povo, ou de uma família. A história da velha lenda da Dama do Pé de Cabra ou de Dona Marinha vem tratar da origem de famílias nas quais se constituíram a partir da união de um cavalheiro com uma mulher desconhecida e sobrenatural. Nesse sentido, muito mais do que um documento histórico, o registro tem como intuito determinar a identidade das famílias e por consequência de parte da nação. O casamento de um cavalheiro cristão com uma mulher “extraterrestre” fundamenta aos olhos dos homens, por exemplo, o ...

O Mito Grego e o Logos Divino

Aqui, procuro contrapor o significado de mito e logos, e, de maneira um pouco mais profunda, discorrer sobre a diferença de ambos no sentido de relato de crenças (mitos) e relato de testemunhas (logos), a partir das explicações sobre a criação do mundo, abrangendo a questão da crença mítica grega e a fé no Logos divino cristão. Ao procurar no dicionário, é possível encontrar a palavra mito relacionada a fantasia, delírio e até mentira, mas também consta, ainda que de maneira incompleta, um significado fundamental: narrativa de teor simbólico e verosimilhante. Eu complementaria que o mito teve e tem função fundamental na cultura de qualquer grupo de pessoas/povo. Digo isso, pois olhando para a historiografia e o estudo, por exemplo, de Lacan e Freud, evidencia-se que o homem é um animal simbólico. A natureza humana exige sentido e o mito e sua simbologia o ajudam a configurar sentido as coisas, sustentando e fundamentando a cultura. O logos – em grego, palavra – significava n...

Reflexões sobre o Papel Social da Poesia: Platão x Aristóteles

A discussão acerca das artes, de um modo geral, é algo que discorre por toda a história humana, tendo boa parte de seus debates iniciados no período clássico – entretanto, sabe-se que a divergência entre filósofos e poetas é antecedente. Nesse período, a palavra Literatura ainda não existia, porém suas formas iniciais já estavam sendo tratadas por dois grandes pensadores da época: Platão e Aristóteles. O primeiro, é bastante crítico à poesia, ele a considera muito distante da realidade, pois seria uma mera imitação da mesma e por isso não seria boa para a formação de um homem virtuoso. Aristóteles, seu aluno, em oposição, diz que a imitação é boa, pois é fonte de prazer e conhecimento. O estudo desses dois filósofos atingiram patamares impressionantes, influenciando a civilização até os dias de hoje, entretanto os mesmos não encerram a complexidade da literatura. O pensamento Platônico compreende que a arte reproduz cópias do mundo sensível que por sua vez já são uma cópia do mun...