A gente sempre acha que as coisas “vão acontecer”, que as oportunidades vão rolar, que magicamente as portas vão se abrir, que, à medida que o tempo passar, as coisas vão melhorar, mas, na real, não é bem assim que acontece.
Isso é apenas uma fantasia infantil, uma ilusão que a gente cria para fazer um carinho na nossa própria consciência. A real é que as coisas podem sim dar errado. E se essa declaração te dói é porque você ainda não amadureceu muito.
Há alguns anos, cinco ou seis, venho me esforçando para ser melhor. Melhor em vários âmbitos da vida. Há dois anos, eu posso dizer que o nível subiu, as dificuldades aumentaram. À medida que eu avancei na minha jornada, o espaço se afunilou. Muitas responsabilidades. Muito peso. Muito risco.
Vejo, hoje, muita gente vivendo uma vida diferente da minha. Diferente no sentido de que elas sentem medo – assim como eu –, mas não ousam avançar. De fato, é muito desconfortável sair do lugar que você se acostumou a estar. Eu passei por isso. Além disso, a vantagem de não se esforçar é que você não sofre de imediato. Não sofre porque não se expõe, não mete a cara. A maioria das pessoas, sem perceber, abre mão de si mesma a fim de se preservar. Sem machucados, sem grandes derrotas, uma imagem pública intacta. Acham que está tudo bem. Abdicaram da luta por conforto, mas sem saber abdicaram também do triunfo. Elas levam uma vida lamentavelmente comum e continuam acreditando que as oportunidades vão rolar uma hora ou outra.
Nesses últimos anos eu descobri uma coisa: o mundo é dos loucos. Loucos no sentido de que entre o “não sei como fazer” e o “não sei como fazer, mas vou fazer” eles escolhem a segunda opção. É verdade que os loucos podem ser moralmente bons ou ruins. Mas, mesmo os ruins, eles avançam. Enquanto os “comuns”, coitados, continuam parados acreditando que magicamente as portas vão se abrir.
No passado vivi uma vida absolutamente confortável, confortável no sentido de que não saía da minha zona de conforto, tinha até grandes aspirações, mas eu não me movimentava, não havia trabalho duro, não havia exposição ao fracasso, havia uma mentalidade de preservação. Entretanto, tive a oportunidade de conhecer pessoas fortes e generosas que me fizeram acordar. Nos últimos dois anos, como disse anteriormente, à medida que fui avançando, o espaço se afunilou para mim. Muitas responsabilidades. Muito peso. Muito risco. Porém, finalmente no campo de batalha da vida. Com machucados, com grandes derrotas e com uma imagem pública não tão intacta. Mas com os pés no chão. Semana passada, tive uma grande vitória, talvez a maior dos últimos dois anos. Eis o meu triunfo: pela primeira vez na minha vida, eu pude declarar com honestidade e sem afetação “Eu estou dando tudo de mim”. Que alegria! A maioria das pessoas vai chegar ao fim da vida sem poder dizer essa frase com honestidade e sem afetação. E o mais excitante: eu continuo convencido de que as coisas podem sim dar errado.
Comentários
Postar um comentário